quinta-feira, 23 de maio de 2013

Conversa Afiada #35

22/05/2013 (ao vivo)
27/05/2013 (reprise)

Além da boa música costumeira no CVAFIADA, neste programa discutimos as polêmicas questões sobre  a redução da maioridade penal e a internação compulsória para viciados em drogas. Também apresentamos dicas culturais quentíssimas: disco, filme e livro.

01. Sivuca - Ain't No Sunshine
02. The Coasters - Down In Mexico
03. Mayra Andrade - Berimbau
04. Daft Punk - Get Lucky (feat. Pharrell Williams)
05. Etta James - Watch Dog
06. Jorge Drexler - La trama y el desenlace
07. Casuarina - Disritmia
08. Sambrasa Trio - João sem braço
09. Faces - Stay With Me
10. -M- - Amssétou
11. Quarteto Jobim-Morelenbaum - Eu e o meu amor (Lamento No Morro)
12. Eric Clapton - Gotta Get Over
13. Tulipa Ruiz - Efêmera
14. Deep Purple - All the Time in the World
15. Tiê - Pra Alegrar O Meu Dia

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Dica de livro: Bartleby, O Escriturário - Herman Melville

Título: Bartleby, o Escriturário
Autor: Herman Melvill
Editora: Rocco
Páginas: 96
Ano: 1853




Sinopse:
Bartleby, o Escriturário, conta a história de um escrivão que se recusa a fazer os trabalhos solicitados pelo patrão com a simples justificativa "Prefiro não". O posicionamento obstinado de Bartleby, e a curiosa reação de seu superior, que não o demite, desconcertam o leitor e o levam à reflexão, mostrando que o criador do monumental Moby Dick também é capaz de causar impacto em poucas páginas.

Dica de filme: Django Livre

Filme: Django Livre
Diretor: Quentin Tarantino
Elenco: Jamie Foxx, Leonardo DiCaprio, Christoph Waltz, Samuel L. Jackson
Duração: 165 min.
Ano: 2012
País: EUA
Gênero: Faroeste
Sinopse:
Django (Jamie Foxx) é um escravo liberto pelo caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz) para auxiliá-lo em uma missão. A dupla acaba fazendo amizade e, após resolver os problemas do caçador, parte em busca por Broomhilda (Kerry Washington), esposa de Django. Para isso, eles devem enfrentar o vilão Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), proprietário da escrava.

Trailer:

Dica de Disco - Sambrasa Trio / Em Som Maior

O Sambrasa Trio foi uma das mais interessantes formações da fase áurea do samba-jazz. Formado por Hermeto Pascoal (piano), Humberto Clayber (baixo) e Airto Moreira (bateria), fundia elementos de samba, jazz, batidas afro e até rock. Despontava ali a criatividade absoluta de Hermeto, com seus acordes repletos de nuances harmônicas inusitadas.

Neste disco, o baixo de Clayber surgia ainda mais vigoroso que nos trabalhos com o Sambalanço Trio e o Sambossa/5. Já Airto tirava da bateria sons furiosos, ao melhor estilo do rock’n’roll. No repertório, entre outros temas, Sambrasa (Airto), Aleluia (Edu Lobo/Ruy Guerra), Duas Contas (Garoto), Arrastão (Edu Lobo/Vinícius de Moraes), Coalhada (Hermeto Pascoal) e João Sem Braço (Clayber).



SAMBRASA TRIO EM SOM MAIOR
Airto Moreira / Sambrasa Trio / Hermeto Pascoal (1966)

Faixas
1 - Sambrasa
(Airto Moreira)
2 - Aleluia
(Ruy Guerra, Edu Lobo)
3 - Samba novo
(Durval Ferreira)
4 - Clerenice
(José Neto)
5 - Duas contas
(Garoto)
6 - Nem o mar sabia
(Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli)
7 - Arrastão
(Edu Lobo, Vinicius de Moraes)
8 - Coalhada
(Hermeto Pascoal)
9 - João sem braço
(Humberto Clayber)
10 - Lamento nortista
(Humberto Clayber)
11 - A jardineira
(Humberto Porto, Benedito Lacerda)


HERMETO PASCOAL  22/06/1936
Conhecido como "o bruxo" ou "o mago", é considerado por boa parte dos músicos como um dos maiores gênios em atividade na música mundial. Poliinstrumentista, é famoso por sua capacidade de extrair música boa de qualquer coisa, desde chaleiras e brinquedos de plástico até a fala das pessoas.

Hermeto nasceu em Arapiraca, no interior de Alagoas, e desde pequeno aprendeu a tocar flauta e sanfona. Aos 11 anos de idade já se apresentava em forrós e feiras na companhia do irmão.

Em 1950 a família se mudou para Recife e ele continuou se apresentando com o irmão na rádio. No final da década foi para o Rio de Janeiro, onde tocou em conjuntos regionais e na Rádio Mauá. Mais tarde transferiu-se para São Paulo, onde formou o grupo Som Quatro. Depois integrou o Sambrasa Trio, ao lado de Airto Moreira (bateria) e Claiber (baixo).

No final dos anos 60 começou a ganhar fama como pianista e flautista do Quarteto Novo, que lançou seu primeiro e único disco em 1967. Nesse LP figurava a primeira composição de Hermeto que foi gravada: "O Ovo", que se tornou um clássico da música instrumental, assim como "Bebê".

O Quarteto Novo surgiu como proposta de inovação musical, por misturar elementos legítimos nordestinos, como as levadas de baião e xaxado, e harmonias jazzísticas e contemporâneas.

No início da década de 70 foi aos Estados Unidos a convite de Airto Moreira e lá gravou com Miles Davis e num disco de Airto. De volta ao Brasil, gravou, com grande êxito, o LP "A Música Livre de Hermeto Pascoal", onde apresenta temas seus e interpretações de clássicos como "Asa Branca" (Luiz Gonzaga) e "Carinhoso" (Pixinguinha).

Participou do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, compôs peças sinfônicas, construiu instrumentos e gravou diversos discos por gravadoras diferentes. Excursiona freqüentemente aos Estados Unidos e Europa, onde é muito popular, especialmente entre músicos.

Jovens em tratamento contra o vício em drogas estrelam musical em SP

Quando Shirlley C. tinha 9 anos, foi abusada sexualmente pelo próprio pai. Decidiu então viver na rua. Lá, envolveu-se com drogas.
Usou cola, cocaína, ecstasy e drogas injetáveis --só o crack não entrou na lista--, virou traficante, teve três overdoses, foi internada na antiga Febem --atual Fundação Casa-- e estuprada diversas vezes --em uma dessas ocasiões, engravidou.

A história tinha tudo para ter um final infeliz. Mas Shirlley, hoje com 26 anos, é uma das estrelas de um musical chamado "Streetlight", que conta a história de um rapaz que luta para escapar da brutalidade. Neste sábado (25) e domingo (26), o grupo se apresenta em São Paulo e depois parte para outras cinco cidades brasileiras: Belo Horizonte (MG), São Luís (MA), Aracaju (SE), Fortaleza (CE) e Rio de Janeiro (RJ).
Assim como ela, diversos jovens em recuperação da dependência química, escolhido em diferentes unidades terapêuticas, sobem ao palco no projeto Forte Sem Violência.



O projeto foi idealizado pelo pedagogo alemão Mathias Kaps e trazido ao Brasil pelo frei Hans Stapel, fundador da casa Fazenda da Esperança, onde Shirlley está há quatro anos (hoje, apenas como voluntária). "Quando [os jovens] decidem pela não dependência, tornam-se protagonistas de suas próprias vidas', afirma Stapel.

Shirlley é só elogios para a iniciativa. Sem usar drogas há três anos e vivendo com o filho que apenas visitava na época do vício, ela afirma que ter subido ao palco é algo gratificante.
"Para mim, veio como uma explosão para mostrar que eu sou capaz. Veio no momento certo. O sonho de ser mãe eu resgatei, o de ser uma pessoa sóbria também. Agora estou conseguindo resgatar o sonho de me envolver com arte, com música, com dança", diz.

André R., 28, também participa da apresentação, mas como cantor. Há nove meses sem usar cocaína, ele também tem um passado difícil. Perdeu o emprego por conta das drogas, roubou objetos de casa para vender e foi expulso pela família. Virou traficante na favela de Heliópolis (zona sul de São Paulo), e, após levar uma surra por conta das drogas, decidiu que precisava se internar.

Hoje, conta que o "coração bate forte" ao cantar e encenar. "Eu tocava em grupo de samba, mas sempre estava alucinado. Fazer isso sóbrio é importante para o meu crescimento", relata.

REDESCOBRINDO TALENTOS
Ao serem questionados sobre a melhor coisa do projeto, os jovens são unânimes: a chance de mostrar seus atributos para os demais. Em workshops, eles aprendem técnicas de dança, canto, percussão e teatro. Tudo para estarem preparados na hora do espetáculo.
"Quando vi todo aquele público aplaudindo, de pé, cantando com a gente... Eu não acreditava que eu seria capaz de fazer isso", diz Shirlley. "Tem tanta gente que estava nessa vida e que descobriu que tem talentos", concorda André.

Para o frei Hans, o projeto é uma nova oportunidade de vida para aqueles que lutam contra a dependência química. "Não podemos tachá-los, dizer que são bandidos e precisam ser presos ou até morrer. Precisamos dar uma chance para eles descobrirem os valores que têm."

A cerimônia de fechamento do projeto será no Rio de Janeiro em 27 de julho, durante a Jornada Mundial da Juventude, que terá a presença do Papa Francisco. A ex-dependente Dora A., 43, não esconde a animação. "Vou me apresentar para o Papa. Vou mostrar ao mundo algo que aprendi."

Streetlight - Ginásio Poliesportivo Mauro Pinheiro - r. Abílio Soares, 1300, Vila Mariana, zona sul, São Paulo, SP. Sáb. (25): 20h e dom. (26): 10h e 18h. Ingr.: R$ 30. Para mais informações e compra de ingressos, acesse o site oficial.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Conversa Afiada #34


15/05/2013 (ao vivo)
20/05/2013 (reprise)

O Conversa Afiada de hoje está com o aroma e o sabor da cozinha. Fizemos um programa temático somente com músicas que falam de comida e compõem uma bela trilha sonora para o seu momento Mestre Cuca. Está de dar água na boca.

Playlist:
1. George Benson - Giblet Gravy
2. Seu Jorge - Dia De Comemorar
3. Mariana Aydar - Vatapá
4. Miles Davis Quintet - Airegin
5. Chico Buarque - Feijoada Completa
6. Bezerra da Silva - Overdose de Cocada
7. Lenine - Pimenta no vatapá
8. Tim Maia - Chocolate
9. Roberta Sa e Trio Madeira - Cocada
10. Marisa Monte - Não é Proibido
11. João Donato - Bananeira
12. Marcelo Jeneci - Café Com Leite de Rosas
13. Ella e Louis - The Frim Fram Sauce
14. O Teatro Mágico - Pratododia
15. Louis Prima - Love of My Life (O Sole Mio)
16. Mundo Livre S/A - Bolo de Ameixa
17. Adoniran Barbosa - Torresmo à Milanesa
18. Jorge Ben & Erasmo Carlos - O Comilão

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Dica de Livro - A História da Alimentação no Brasil

Um observador malicioso, por certo gourmet e gourmand, observou que o índice de civilização de um povo pode ser medido pelo requinte de sua cozinha. Tempos antes, o glutão Brillat-Savarin já afirmara que o destino das nações depende da maneira como elas se alimentam.


Interessado na mistura do feijão com o arroz, no preparo dos temperos, no corte de legumes e verduras, nas delícias das sobremesas, nos rituais e superstições alimentares, Luís da Câmara Cascudo reuniu durante mais de vinte anos informações (e provou comidas) para traçar a sua História da Alimentação no Brasil, espécie de história do brasileiro, através daquilo que entra pela sua boca.

Com uma abrangência enciclopédica, o mais completo e fascinante estudo sobre a cozinha brasileira, em seus múltiplos aspectos, a obra divide-se em duas partes. Na primeira, o autor analisa o tríplice legado que, misturado, refogado e temperado, iria formar a cozinha brasileira típica: a herança indígena, africana e portuguesa.

A segunda parte vai muito além do estudo da cozinha brasileira, com seus sabores e odores, pratos típicos e misturas, registrando e analisando, com gula, mas sem pressa, os múltiplos elementos sociais que giram próximo à cozinha: a sociologia da alimentação, o ritmo da refeição (dos bons tempos em que a família se reunia ao redor da mesa patriarcal à época do fast-food), o folclore e as superstições ligadas à alimentação, as bebidas de preferência do brasileiro. Discute ainda questões que afetam o paladar e o apetite de todos nós, como os mitos ligados à cozinha africana e a contribuição de imigrantes, sobretudo alemães e italianos.
Em síntese, a História da Alimentação no Brasil é um saboroso prato literário, ressaltando uma cozinha original que, se a observação de Brillat-Savarin for correta, terá um brilhante destino.