Sugestão da convidada da noite, Cris Bindewald.
Artista boêmio, Nelson foi uma espécie de menestrel moderno, conhecido de
toda a cidade, que percorria de botequim em botequim, cantando seus sambas.
Começou a tocar cavaquinho aos 17 anos de idade e trocou a profissão de
policial para viver do samba. Em Mangueira, fez o seu primeiro samba, ‘Entre a
Cruz e a Espada’, e trocou o cavaquinho pelo violão, mas não abandonou o modo
de tocar com o polegar e o indicador que sempre impressionou músicos de renome.
Nunca mais parou de compor.
O primeiro sucesso foi ‘Rugas’ (1946), com Augusto Garcez e Ari Monteiro,
mas a fama maior viria mesmo na Mangueira, na qual entrou em 1952
Nelson compôs com Cartola e com uma infinidade de parceiros, na maioria
fictícios (entraram apenas com o nome). Um, se transformaria em sua alma gêmea:
o mecânico de máquinas de calcular Guilherme de Brito, boêmio
e seresteiro, pintor primitivo e poeta da mesma escola Nelsoniana.
Nelson e Guilherme se encontraram em 1946, num botequim do subúrbio de
Ramos. Nelson vivia o auge da mais destemperada boêmia: dias inteiros, semanas
até, de bar em bar, sem aparecer em casa. Foi um casamento musical à primeira
vista, uma união artística de 40 anos responsável por muitos dos melhores
sambas já feitos. Alguns exemplos são: ‘A Flor e o Espinho’, ‘Luto’, ‘Pranto de
Poeta’, ‘Folhas Secas’, ‘Depois da Vida’, ‘Quando eu me Chamar Saudade’.
Guilherme, boêmio mais moderado, tentou levar Nelson pelos caminhos de uma
carreira menos atípica. Em vão, apesar de algumas concessões de Nelson, que nos
últimos anos concordou em aproximar-se timidamente do mercado.
Apesar da grande produção artística, Nelson
Cavaquinho deixou apenas dois LPs e teve algumas composições gravadas por
intérpretes como Elizete Cardoso. Era um rebelde a seu modo, um verdadeiro
artista do povo em estado puro. Queria apenas ver a sua arte cantada. Queria,
sobretudo cantá-la ele próprio”.
Fonte: Jornal do Brasil
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